sábado, 15 de março de 2008

Monsenhor José Sinfrônio: maior construtor de monumentos e referência educacional no Vale.

José Sinfrônio de Assis Filho ingressou no seminário no dia 2 de fevereiro de 1939, em João Pessoa, ordenando-se padre em primeiro de novenbro de 1951.

O primeiro período, de trabalho, que ultrapassou um ano e meio foi na cidade de Pombal, na condição de coordenador do Monsenhor Vicente. Depois chegava a Cajazeiras, sua terra natal, para ser secretário do bispado, no tempo de Dom Zacarias Rolim de Moura Posteriormente quando o seminário que teve a sua participação na edificação ficou pronto, o Padre Zé Sinfrônio era deslocado para Itaporanga, no próposito único e exclusivo de servir ao povo.

Muitas são as referências de trabalho do Monsenhor José Sinfrônio em Itaporanga. Presidiu a Associação de Proteção à Infância para concluir a construção do Hospital Distrital, que até hoje representa um grande socorro à população do Vale do Piancó, notadamente, a mais carente. O envolvimento do Padre Zé com os pleitos da população era de tal forma que viabilizou, através de seus atos, a implantação da telefonia.



Com tal benefício, acabou o enorme problema da falta de comunicação com as localidades mais distantes. Naquela época o sistema era denominado de Serviço Intermunicipal de Comunicação do Vale. Padre zé foi responsável pela amplianção, em 16 metros, da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição além de várias outras modificações dentro do processo evolutivo.

A construção do Colégio Diocesano "Dom João da Mata", único colégio católico ainda em atividade na Paraíba, é também mais uma façanha desse benfeitor, que com a ajuda do povo conseguiu melhorar consideravlmente o setor educacional na região. Para tocar a obra tangeu burro pela zona rural arrecadando arroz através de doações para vender e desmanchar na educação.

O Padre ZéSinfrônio foi tão audacioso que chegou a conquistar a energia elétrica através de contato com o então Presidente da República Juscelino Kubitschek, em solenidade de inauguração do açúde de Coremas. O sinal de TV, a partir da Rede Tupi é mais uma referência desse baluarte. Entre outras ações do Padre Zé Sinfrônio, destacam-se: a fundação da Banda de Música Filarmônica "Cônego Manoel Firmino", de onde saiu músicos de renome internacional e se constitui numa oportunidade impar para os jovens; instalou a Gráfica "Monsenhor José Sinfrônio", que porporciona um importante espaço de profissionalização; Implantou a Casa do Menor "São Domingos Sávio"; dentre outros feitos.

Porém, sua mais importante construção é, ao mesmo tempo, o ponto turístico do Vale do Piancó: a estátua do Cristo Redentor Tudo começou em 1955 quando da chegava o Padre José Sinfrônio a Itaporanga, na época uma das cidades mais violentas da Paraíba.

Padre Zé vendo isto, além da seca que assolava a população, faz uma promessa, que se aquela situação se acabasse construiria uma estátua ao Cristo.

Ele alcançou seu desejo e algum tempo depois começou a construí-la, inaugurada no ano 2000, com 31 metros de altura. Ponto turístico do Vale do Piancó, o Cristo Redentor de Itaporanga só perde em tamanho para o xará do Rio de Janeiro, que tem 38 metros, e para a Estátua da Liberdade, com seus 54 metros de altura. Este é, enfim, o homem que, após passar todas essas provações, comprovou sua infinidade de idéias, coragem e disposição, trazendo a Itaporanga a melhor imagem, traduzida na grande disposição de servir, tendo, finalmente, como maior referencial, o enorme Cristo Rei que abre os braços e solta as bençãos a todo o Vale do Piancó.

Mesmo em meio a tudo isso, fez questão de se classificar como um simples instrumento de Deus. O Monsenhor José Sinfrônio faleceu em setembro de 2006

Salomé Pedrosa: síntese de bravura e caráter.

Para o povo de Itaporanga D. Salomé Pedrosa é a síntese da bravura, da lealdade e do caráter que sempre nortearam as mulheres de Misericórdia. Sobre D. Salomé conta-se muitas histórias. Pequenina, rica, sempre elegante, pisando firme do alto dos seus sapatos coma alguns centimetros de salto, Salomé, casada com Josué Pedrosa, um misto de financista, industrial e agropecuário, não dispensava o perfume francês e era figura presente em todos os acontecimentos da cidade. Foi madrinha de quase todas as crianças que nasceram na sua época.
Três histórias que contam sobre ela são bem representativas do seu espirito evoluído e justiceiro. Certa feita, uma prostituta, moradora do baixo meretrício de Itaporanga, estava em vias de dá a luz a uma criança, mas na cidade não tinha quem fizesse o parto. D. Salomé, informada sobre o que estava acontecendo, foi pessoalmente cuidar da meretriz. A cidade assombrou-se com a sua atitude, afinal a cona boêmia era lugar proibido para uma senhora casada. Para ela, no entanto, aquela era apenas uma mulher precisando de ajuda, pouco importando o que ela era e o local onde se encontrava. De outra feita, quando da vitória do Movimento Liberal, em 1930, a Polícia Militar, estimulada pelos novos donos do poder, saiu à caça prendendo simpatizantes do perrepismo, representado no sertão pelo coronel José Pereira. Apesar de toda a fúria policial, as prisões não passaram de duas ou três. Todas de pessoas humildes. D. Salomé, soube do que estava ocorrendo e, sem papas na língua, exigiu a libertação dos presos pobres e a prisão dos perrepisas ricos. A cadeia ficou vazia. Os pobres foram soltos e os mais abastardos apontados por ela nunca chegaram às celas.
Pacifista por natureza, a D. Salomé não interessava o tamanho do perigo desde que fosse para servir ao próximo. Itaporanga sempre cultivou inimizades entre famílias. A maior e todas elas, e que até hoje perdura, envolve os membros do Genipapo e os Nitão. No auge da querela, a mulher de Chico Nitão estava entre a vida e a morte. Debatia-se há dois dias com as dores de um parto que não se consumia. Era preciso a intervenção de um médico e o único da cidade era Dr. José Gomes, inimigo de sangue dos Nitão. D. Salomé resolveu intermediar a questão. Foi até Zé Gomes e pediu que ele cumprisse com o seu juramento de médico, e este, após algumas ponderações concordou em atender a paciente desde que o seu marido não estive em casa. Feito o acordo, o médico foi até a residência do inimigo e salvou a mulher e o menino que nasceu forte e sadio. Quando Dr. José Gomes deixava a casa de Chico Nitão o encontrou sentado a alguns metros. Nitão quis saber então quanto devia ao médico pelos seus serviços. Zé Gomes respondeu-lhe que ele não lhe devia nada. Foi a última vez que eles se falaram, dando continuidade a guerra entre suas famílias que perdura até hoje (em pleno século XXI, ano de 2008).
Assim era D. Salomé Pedrosa: firme, presente, solidária. Aliás, a disposição pelo bem público é uma das acaracterísticas da família Fonseca. É, pois, síntese da altivez de todas as mulheres de Misericórdia. Um exemplo para os jovens e adultos de Itaporanga.

José Soares Madruga: deputado estadual instalou em Itaporanga diversos órgãos regionais.

Com o retraimento político de Balduíno de Carvalho e sua consequente retirada da vida pública, surge em Itaporanga uma renovada e corajosa liderança, na pessoa do jornalista José Soares Madruga. Um arrojado analista político que já havia participado de inúmeros embates eleitorais, tanto em sua terra como a nível estadual. Ele chegou revolucionando a vida do município e ao longo dos 15 anos em que esteve na Assembléia Legislativa trouxe a Itaporanga, e para o Vale do Piancó, diversos benefícios, representados pela construção de obras e instalação de vários órgãos regionais que mudaram completamente as relações de forças entre Itaporanga e outras cidades da região.
Em João Pessoa, atuou como redator do jornal "Tribuna do Povo" e depois em "A Notícia". Pela excelência dos seus textos e a clareza dos seus comentários foi convidado a assinar a coluna "Diário da Política" do jornal Correio da Paraíba, de propriedade de Teotônio Neto, que começava a dominar os meios de comunicação do Estado, pelo que, anos mais tarde Madruga tornou-se um dos principais responsáveis. De analista, madruga passou a secretário e pouco tempo depois já era diretor do jornal, substituindo no cargo o deputado José Teotônio. Soares Madruga fez do Correio da Paraíba um matutino vibrante e respeitado em toda a comunidade paraibana. Em 1968, Madruga implantou a Rádio "Correio da Paraíba", que funcionou sob o seu comando no Ponto de Cem Réis, de onde saiu para a Rua Barão o Triunfo, onde funcionava o jornal.
Com o apoio do piancoense Teotôneo Neto, que era deputado federal, Soares Madruga deixa o jornal e ingressa na política propriamente dita, conquistando o primeiro mandato de deputado estadual em 1974. Reeleito em 1978. Reconduzido, novamente, à Assembléia Legislativa em 1983, desta feita para ser eleito Presidente no biênio 83/84 o que lhe permitiu, na administração Wilson Braga, assimir o Governo do Estado, mesmo que pelo curto período de 15 dias. Quando deixou a Presidência da Casa de Epitácio Pessoa, Madruga foi convocado pôr Wilson Braga, que vivia um momento administrativo muito delicado, paraassumir a Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado.
Soares Madruga foi, ainda, eleito para um quarto mandato mas a morte, em 14 de dezembro de 1989, o ceifou no melhor período de sua vida pública, quando ele já era apontado e reconhecido como uma das principais lideranças do Paraíba. Ele nasceu na fazenda Cardoso, no dia 25 de dezembro de 1930, herdando do pai (Chagas Soares) o gosto pela vida pública.

Balduíno Minervino de Carvalho: era médico e foi deputado constituinte da Assembléia Legislativa.

Com o afastamento do médico José Gomes da Silva do exercício permanente da medicina na região de Itapoaranga. Pôr conta de sua eleição para a Câmara Federal. Um nome começou a surgir no cenário médico e político do Vale do Piancó: Balduíno Minervino de Carvalho.
Formado pela Faculdade de Medicina do Recife, em 22 de dezembro de 1934, com especialidade em clínica médica e obstrétícia. Em 1932, ainda estudando medicina, alistou-se como voluntário na Revolução Constitucionalista de São Paulo, sob o comando de Bertoldo Klinger e Agildo Barata. Natural do então distrito de Olho D'Água, município de Piancó, mas radicado em Itaporanga Balduíno de Carvalho via a cada dia crescer o seu prestígio, notadamente entre as pessoas mais carentes, graças a medicina gratuita que praticava. O que se estendeu por quase 50 anos.
Com a queda da ditadura Vargas e, consequentemente, a redemocratização do País, decidiu ingressar na política e foi eleito Deputado Constituinte à Assembléia Legislativa da Paraíba, cargo que assumiu até 1947, e como parlamentar parmeneceu até 1970 sempre seguindo a orientação política dos irmãos Janduy e Ruy Carneiro.
O deputado Balduíno Minervino de Carvalho foi ainda o responsável pela emancipação política dos distritos de Boa Ventura, Diamante, Curral Velho, São José de Caiana e Pedra Branca (pertencentes à cidade de Itaporanga). Na casa em que morou, na praça que leva o seu nome, existe um pequene museu com objetos relacionados com a medicina e sua atuação política.

Praxedes da Silva Pitanga: advogado, promotor de justiça, prefeito, deputado estadual e federal.

Nascido em 02 de março de 1896 e mesmo chegando a escola somente aos oito anos, Praxedes da Silva Pitanga já sabia ler, escrever e contar, tanto é que em 1910, adquiriu noções de francês, português, história e aritimética. O que lhe serviu, seis anos depois, a ingressar no Liceu Paraibano, em João Pessoa. Ainda criança demonstrou um extraordinário tino comercial, tanto que antes dos dez anos de idade já negociava com miudezas nas feiras de Itaporanga, Boa Ventura e São Paulo (hoje Diamante).
Entre 1913 e 1914 manteve em funcionamento uma grande casa comercial, no centro da cidade, especializada em miudezas, chapéus, ferragens e estivas. Em 1915, no entanto, teve que liquidar o seu comércio. A seca daquele ano o levou a falência. Até algumas cabeças de gado que possuía teve que vender para pagar aos seus credores de Recife, onde adquiria as mercadorias que vendia. Em 1918 foi aprovado no vestibular da Facldade de Direito do Recife, onde matriculou-se, mas não pode frequentá-la pôr questões de ordem pessoal e política. É que as autoridades estaduais moviam uma severa campanha contra membros da família Genipapo e muitos deles tiveram que ir embora, passando a residir no Ceará e no Rio Grande do Norte. Pitanga, no entanto, ficou na Paraíba denunciando seus adversários pôr todos os meios possíveis.
Com a chegada de João Pessoa ao Palácio da Redenção pode, finalmente, na companhia de José Gomes da Silva, assumir o comando político do velho município. A esta altura já era bacharel em Direito e uma pessoa bastante conhecida nos meios jurídicos e intelectuais da capital. Devido ter lutado contra os perrepista, no levante de Princesa Isabel, Praxedes Pitanga foi nomeado representante do Ministério Público na comissão que apurou o levante dos comandados de José Pereira. De Princesa foi para Alagoa Grande como promotor de justiça e dali para Itabaiana. Em 1934, já rompido com José Gomes, foi nomeado pôr Argerimo de Figueiredo para o cargo de Delegado de Ordem Política e Social. Em 1937, foi nomeado prefeito de Antenor Navarro (hoje São João do Rio do Peixe). Onde foi surpreendido pelo surgimento do Estado Novo. Argemiro de Figueiredo passou de Governador a Interventor e, em 08 de dezembro, nomeou Praxedes Pitanga prefeito de Itaporanga, onde permaneceu até 1940, quando Argemiro foi substitído por Ruy Carneiro na interventoria do Estado.
Em 1946 Pitanga conseguiu se eleger Deputado Estadual, com votação consagradora. Em 1950 foi candidato a Deputado Federal mas ficou numa suplência, quando desligou-se da UDN e passou para o PTB de Epitacinho Pessoa. Após, foi candidato à prefeito de Itaporanga, tendo como vice Sebastião Rodrigues de Oliveira, e venceu a eleição, derrotando Osmar Mangueira e Chagas Soares. Como prefeito foi o responsável, entre tantos, pelo novo trajeto urbano da cidade projetadas no rumo oeste, antes as ruas da velha Misericórdia eram todas no sentido norte-sul. Para estimular essa idéia, mandou construir sua enorme casa, onde hoje situa-se o Caps.
Praxedes Pitanga renunciou ao cargo de prefeito para ser candidato a Deputado Federal mas, novamente, não obteve êxito. Porém, Argemiro de Figueiredo que fora eleito Senador e Deputado Federal decidiu-se pelo Senado e Pitanga, assim, pode ira para o Congresso Nacional, ficando de 1955 até 1958. Participou, votando contra, da votação pelo impedimento de Café Filho e Carlos Luz. Em 1962, tentou voltar à Câmara Federal mas ficou numa suplência ao lado de Raimundo Asfora. Depois deste insucesso resolveu abandonar a política, a partir de 1967. Retornando à condição de Promotor de Justiça Praxedes Pitanga atuou em Itaporanga, depois em Campina Grande e João Pessoa. Aposentou-se com as honras de Desembargador.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mãe Burrego: a itaporanguense do século XX.

Ela nasceu Maria, nos últimos anos do século XIX. Não se sabe ao certo de ond ele veio. Sabe-se apenas, e é tudo que basta, que várias gerações de itaporanguenses, ao longo de décadas, chegaram ao mundo ajudados pôr ela. Maria virou Mãe Burrego quando se iniciou no ofício de parteira. Aliás, a melhor e mais competente que a cidade conheceu. Do marido herdou o apelido, como a maioria das pessoas que nascem no interior, que geralmente são identificadas pelo nome ou sobrenome do marido ou da família.
A nossa Mãe Burrego, que nasceu como Maria, como a mãe de Jesus, que também é a mãe de todos nós, gostava de ser tradada e reverenciada pelos seus feitos e a ajuda que oferecia às parturienses de Misericórdia. Maria morava no final da avenida Getúlio Vargas, principal artéria de Itaporanga, lá perto da Terminal Rodoviário. Todo dia, logo cedo, ela descia a avenida. Ia pôr um lado e voltava por outro. Foi, imaginam, a primeira e única pessoa na cidade que obdecia instintivamente as leis do trânsito. Descia pela direita e voltava pela direita.
Esbelta, elegante, sempre bem posta, usando na cintura um cinto feito com o mesmo tecido do vestido, todo dia lá ia ela com um pano no ombro, o cabelo liso e grisalho preso pôr uma marrafa, rua abaixo ou rua acima, parando a rodo instante:
-Menino, cadê a benção de Mãe Burrego?
-Benção, Mãe Burrego...
-Deus te abençei, meu filho.
A cada criança uma interrogação, uma benção, uma despedida. Para os adultos e dos adultos um cumprimento respeitoso, quase familiar.
-Bom dia, comadre.
-Bom dia, compadre.
A maneira que avançava rumo ao seu destino final, os cumprimentos se multiplicavam, e ela ficava cada vez mais radiante, mais orgulhoso, sentindo-se a mãe de todos os meninos, dos homens e mulheres de Itaporanga. Nem a chegada de médicos parteiros, especialistas a povoar a cidade já na década de 30, conseguiu abalar o prestígio de Maria. Mas com o advento do hospital, da maternidade, dos partos feitos pela barriga, o prestígio de Mãe Burrego começou a declinar.
No seu passeio diário pela Getúlio Vargas já eram poucos os meninos que nasceram pelas suas mãos encontrados pelo cominho, e que lhe deviam benção e revencia.
-Menino, cadê a benção de Mãe Burrego?
-E o menino lhe virou as costas, sem palavra, sem um aceno. Ele havia nascido no hospital.
A partir daquele dia Maria de Burrego não foi mais a mesma. O seu reinado de mãe de todos estava chegando ao fim. Nos raros passeios que fazia pela cidade restava-lhe apenas o cumprimento dos comprades e comadres, que pôr serem tantos não lhe faltavam nunca.
Maria morreu num dia qualquer de uma semana que já não se sabe qual. O seu corpo esbelto e seu andar cadente não povoam mais a memória da maioria dos seus conterrâneos.
Diante deste histórico, no mês de junho de 2001 a população de Itaporanga, em pleno século XXI, participou de uma votação para escolher a Personalidade do Século, ou como queiram, o Itaporanguense do Século. A Mãe Burrego foi a vencedora num reconhecimento histórico dos itaporanguenses pela sua impoartância para a cidade.

José Gomes da Silva: foi eleito prefeito, deputado federal e nomeado interventor do Estado.

Nascido no dia 06 de março de 1900, no sítio minador, o médico José Gomes da Silva, primeiro filho de Misericórdia (hoje Itaporanga) a exercer o ofício da medicina, que por conta a maneira fidalga como tratava as pessoas logo passou a se tornar uma das mais autênticas lideranças que o Vale do Piancó conheceu. Tanto que em 1929 era eleito prefeito de Itaporanga, iniciando ali sua longa trajetória política e administrativa que atingiu o seu ponto máximo quando foi nomeado Interventor Federal da Paraíba pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1946.
O Movimento da Aliança Liberal, que eclodiu com amorte do presidente João Pessoa, o encontrou à frente dos seus conterrãneos, todos de armas em punho, prontos para defederem as suas vidas e a sua terra. E foi imbuido desse propósito que inimigos históricos uniram-se em torno de um objetivo comum, evitando que partidários do perrepismo, representados no sertão pelo coronel José Pereira de Lima, invadissem a cidade de Miserocórdia.
Dispostos à tudo fizeram recuar cerca de quatrocentos homens que chegaram até os arredores da cidade, mas que tiveram que debandar, haja vista os obstáculos que tiveram que enfrentar. A resistência oferecida por José Gomes e seus comandados foi de tal maneira importante para a vitória dos liberais que o fato mereceu uma longa citação no livro "As Memórias", de José Almeida , comandante-em-chefe da Revolução de 30 na Paraíba.
José Gomes foi eleito deputado federal, em 1934, partindo para Rio de Janeiro para exercer o mandato que durou até 1937, quando o Congresso Nacional foi fechado em consequência do Golpe de Estado do presidente Getúlio Vargas. Sobre o Dr. José Gomes é preciso que se diga que ele não foi apenas um chefe, um líder político. Era um verdadeiro ídolo para os seus conterrâneos, pôr uma série de razões.
Essa verdadeira veneração podia ser medida pelas festas que o povo fazia quando ele fazia viagens. A cidade ficava em ebulição. Os homens e mulheres, a maioria seus compadres, vestiam as melhores roupas e ficavam em frente a sua casa, na hoje Praça Balduino Minervino de Carvalho. Na ida despediam-se acenando com lenços brancos. Na volta todos ficavam perfilados inclusive os alunos do grupo escolar e abanda de música, esperando o grande momento de sua chegada para cantarem e aplaudirem.